A relação entre líder e liderado e seus impactos na saúde mental.

Você sabia que líderes interferem mais na saúde mental de um profissional do que médicos e psicólogos são capazes de fazer? Neste novo artigo escrito por Paulo Leitner para a GregHub, ele trás referências de estudos que mostram a relação direta da liderança com a saúde mental de seus colaboradores. Lança também um olhar sobre os principais acometimentos, bem como apresenta e detalha a nova manifestação que está ganhando espaço nas rodas de conversa de RH: a síndrome do Burn-on.

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Sabe aquele líder que nunca oferece aos seus liderados uma real avaliação de seu desempenho, performance e comportamento? Ele pode estar contribuindo, e muito, para a degradação da saúde mental de sua equipe. A falta de referências do que é uma boa entrega faz com que profissionais tenham uma percepção parcial de sua relação com o trabalho, uma visão muito turva de seu desenvolvimento e baixa percepção de seu valor para a empresa.

A falta de referência é, de longe, uma das piores fontes de angústia e ansiedade para profissionais. É como ir para a escola e não ter provas ao longo do ano para saber como estamos evoluindo e saber apenas em dezembro se passamos de ano ou não. No mundo corporativo a analogia se torna ainda mais perversa, pois a consequência pode tomar proporções gigantescas na cabeça das pessoas:

“-Será que ele não me dá feedback pois não acredita no meu potencial?”

“-Será que eu vou trabalhar que nem um camêlo aqui e nunca serei promovido?”

“-Será que ele não me diz como posso evoluir pois ele irá me desligar no próximo layoff?”

“-Será que ele não me direciona para o crescimento porque ele não vai com a minha cara?”

A imaginação humana pode ser cruel quando não sabemos para onde nossas vidas estão se encaminhando. Pais e mães de família sentem o peso da responsabilidade nas costas e não tem elementos para identificarem se seus esforços estão indo na melhor direção. A falta de resposta, referência e direção corrói a auto-estima do profissional e implanta em sua imaginação questionamentos sobre seu valor e sua capacidade. Estas condições reunidas são campo fértil para o surgimento de condições que prejudicam a saúde mental de times, como Burn-on, Burnout e a Síndrome do Impostor (SDI).

Síndrome de Burn-on.

Termo recente, mas que vem ganhando destaque na mídia como a Forbes, neste artigo de maio de 2024 retratando o assunto. Diferente da síndrome de Burnout, na qual existe o esgotamento total da energia e capacidade do profissional, a síndrome de burn-on se caracteriza por uma situação limítrofe, na qual o profissional nem colapsa de uma vez como no burnout nem consegue levar uma vida plena e saudável. Sabe aquela pessoa que parece que envelheceu dez anos nos últimos dois? Então, possivelmente ela está se submetendo a um nível de estresse que ainda não é capaz de lhe jogar a lona, mas também não a permite se recuperar de forma adequada. É uma situação de overdrive: fosse um motor até chegaria no destino, mas estaria com sua vida útil completamente comprometida.

Para a Dra. @Simone Pimenta , especialista em saúde mental corporativa pelo Hospital Israelita Albert Einstein, os principais sintomas, desta condição são:

– exaustão física e mental;

– desconexão emocional;

– redução do prazer nas atividades diárias;

– persistências de sintomas físicos, como dor de cabeça constante;

– tensão muscular;

– queimação de estômago;

– problemas de pele;

– queda de cabelo;

– queda da imunidade e surgimento de doenças autoimunes.

A síndrome do impostor.

Ainda não considerado um transtorno psicológico formal, a Síndrome do Impostor vem sendo cada vez mais descrita e retratada na literatura médica e psicológica.Este artigo da Universidade de Medicina da UFMG, datado de 2019, retrata diversos aspectos comuns em profissionais cuja falta de referência de suas entregas apenas reforça os efeitos da síndrome. Retratando um pouco mais as características que envolvem esta condição:

  1. Dúvida de si mesmo. O profissional acometido pela SDI (Síndrome do Impostor) deixa de acreditar em si mesmo. Passa a não confiar mais em “seu taco”, e muitas vezes perde até a capacidade de entregar como entregava antes. A angústia vivida pelo diário esforço de provar para si mesmo sua capacidade vai minando as energias e convicções pessoais.
  2. Sentimento de fraude: internamente o profissional acha que ocupar a posição que ocupa atualmente foi uma questão de sorte, não de mérito. Pela falta de uma referência de como suas entregas impactam a empresa, deixa de enxergar também mérito em suas conquistas anteriores. Internamente pensamentos de que só conseguiu o emprego pois “enganou” no processo seletivo, ou então que a recrutadora era inexperiente, são comuns.
  3. Antecipação intensa do futuro. A angústia gerada pela falta de uma referência da performance atual turva a visão de futuro do profissional. Ele já não sabe se poderá se comprometer com o financiamento de um apartamento ou se poderá gozar de suas férias. Se ele não sabe o que poderá haver no futuro, ele adota uma postura defensiva em relação a vida.

A síndrome do Burnout

Termo muito mais conhecido trata-se da completa exaustão, física e mental, de um profissional diante dos desafios, pressões e stress vividos no trabalho. Tal e qual um maratonista que força demais no começo da corrida e simplesmente “quebra” na metade do caminho, um profissional acometido pela síndrome de Burnout vê sua capacidade de entrega, de interação e de contribuição no trabalho completamente inabilitadas. Em manifestações agudas, muito frequentemente, fazem com que profissionais fiquem de dois a quatro anos fora do mercado de trabalho, ou que até renunciem definitivamente a uma carreira corporativa. Muitas vezes associada a um quadro de depressão, geram reais cicatrizes emocionais que ressignificam a relação do profissional com seu trabalho.

Os sintomas são muito parecidos com os já descritos na Síndrome de Burn-on, mas apresentam manifestações bem mais agudas. O próprio governo brasileiro já reconhece há algum tempo a Síndrome de Burnout, como podemos ver neste artigo publicado no site do Ministério da Saúde.

E qual o papel da liderança na prevenção de problemas de saúde mental?

Ainda citando a  médica mencionada no artigo da Forbes, ela destaca a importância de considerar o ambiente de trabalho como um fator potencial de adoecimento.

"Observamos um estado de constante engajamento e hiperconectividade, impulsionado pela competitividade, perfeccionismo e excesso de responsabilidades", afirma ela. "A cultura de valorização da segurança psicológica e da saúde mental deve vir de cima para baixo", ou seja, deve ser iniciada pela liderança.

Para implementar um programa voltado para a saúde mental, é fundamental começar com um diagnóstico do estado atual dos colaboradores. Recomendo que as empresas realizem uma pesquisa minimamente semestral sobre saúde mental.  Pulsos mensais são o ideal, acredito.  Só assim podemos medir a evolução dos indicadores e inclusive identificar focos de estresse na estrutura organizacional.

O ambiente de trabalho e as lideranças têm uma grande responsabilidade pela saúde mental dos profissionais. Gestores têm mais influência sobre a saúde mental de seus funcionários do que médicos e terapeutas, e um impacto comparável ao dos cônjuges ou parceiros, segundo uma pesquisa do The Workforce Institute.

E na sua empresa? Como é feita a gestão da relação entre líderes e liderados? E como vocês avaliam as condições de saúde mental no dia a dia da operação?

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July 20, 2024